Mas, afinal, o que significa a profissionalização na gestão do mercado
do futebol? Quem está envolvido nesse processo?
A gestão profissional do futebol pode representar importantes ganhos
para clubes, marcas patrocinadoras; mídias de diferentes canais de comunicação;
consumidores do futebol e atletas.
A profissionalização resulta em estruturas bem definidas, com papeis bem
estabelecidos, objetivos respaldados por estratégias de médio e longo prazos e
alocação planejada dos recursos disponíveis. Para tanto, assim como em uma
organização de qualquer outro mercado que não seja o futebol, é necessário um
bom entendimento sobre os propósitos norteadores da empresa: missão, visão e
valores. Estes não devem estar postos apenas como parte de uma teoria
organizacional, mas devem de fato servir como base sólida para todas as ações e
movimentos da empresa, responsáveis, portanto, pela construção de uma cultura
organizacional.
A gestão profissionalizada deve atuar guiada por padrões de
“conformidade” bem definidos e transparentes, de tal forma que todos os níveis
hierárquicos tenham conhecimento e domínio das condutas esperadas, das normas e
políticas (tanto internas quanto externas) dos parâmetros reguladores.
Seguindo o processo de gestão profissional, a empresa deve ter domínio
sobre os seus objetivos de curto, médio e longo prazos; ter amplo conhecimento
sobre o cenário onde atua, suas ameaças e oportunidades e, especialmente, ter
total discernimento sobre “quem” ela é, suas potencialidades e fragilidades. No
campo teórico da administração esta análise é chamada de SWOT e pode parecer
uma visão demasiadamente teórica para um mercado desacostumado com gestão
estratégica e profissionalizada. Contudo é uma prática de gestão totalmente
aplicável e necessária a esse mercado, da mesma forma que a definição clara
sobre o posicionamento da marca, seguido da definição do seu público-alvo.
A maioria das organizações de futebol domina muitos desses conhecimentos
intuitivamente. No entanto, sob o olhar de uma gestão profissionalizada torna-se
necessária a formalização de todas essas definições para que seja
compartilhada em todos os níveis da empresa viabilizando a coerência e união de
esforços para a mesma “direção”. Isso representa a potencialização dos
resultados, pois evita desperdícios de esforços, de recursos (financeiros,
humanos, de tempo, etc), de ações desnecessárias e/ou contraditórias.
Nesse contexto, as pessoas que compõem uma organização de futebol são
responsáveis pela viabilização desse cenário profissionalizado, mais
eficiente e rentável. Portanto, a profissionalização de cada colaborador que
atua no futebol, representa um passo adiante no sentido desse novo modelo de
gestão.
O Atleta faz parte desse cenário. Sua profissionalização pode
potencializar os ganhos de um importante ativo da organização de futebol: ELE.
Já que é ele quem faz a “entrega final”, representando o clube no momento que o
consumidor do futebol recebe o seu “produto final”. O atleta que tem internalizado o posicionamento do clube que
ele representa, bem como os objetivos organizacionais que estão balizando a
empresa para a qual ele trabalha, torna-se um agente com capacidade elevada
para contribuir para que os objetivos sejam alcançados, dentro do tempo
esperado, utilizando os recursos destinados para tanto e que vão além do campo
de futebol.
Em contrapartida, as organizações de futebol devem estar atentas para o
novo momento em que atuarão com profissionais mais instruídos e seguros do seu
papel. Profissionais que também terão seus objetivos e tratarão de forma
transparente e aberta com seus empregadores para que também cheguem aos seus
melhores ganhos, não só financeiros, mas de construção da imagem, da busca por
objetivos profissionais e atingimento de metas pessoais.
Esse novo momento exige o abandono do “coronelismo” na gestão do futebol
e, por outro lado, a expansão da capacidade dos atletas para que contribuam com
seus clubes além dos 90 minutos dentro de campo. Os reflexos também
extrapolarão as quatro linhas dos campos de futebol, pois, em concordância à
fala de Edu Gaspar, Coordenador de Seleção – CBF, em apresentação feita no
evento Somos Futebol, promovido pela CBF (08.05.2017), “o futebol é
um pilar da sociedade e influencia a vida das pessoas”. É possível, portanto,
vislumbrar que os parâmetros do novo modelo do mercado de futebol representará
aprendizado e novas experiências para todos os envolvidos (clubes, patrocinadores;
canais de comunicação; consumidores do futebol e atletas), elevando suas
referências, suas expectativas e possibilidades.
Por: Ana Teresa Ratti
Mestre em Administração pela PUC São Paulo;
Especialista em Marketing
pela Fundace- USP Ribeirão Preto.
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